sábado, 24 de agosto de 2013

Freud II - RESUMO
A dissolução do Complexo de Édipo (1924)
vol. XIX - Obras Completas de Sigmund Freud.
           

Neste texto, Freud apresenta a definição de Complexo de Édipo, como sua dinâmica ocorre nos meninos e nas meninas e sua dissolução.
O Complexo de Édipo é o fenômeno central do período sexual da primeira infância. Apesar de ser uma experiência individual, acontece com todos os seres humanos e tem como principal herança o superego.
Esse complexo envolve quatro conceitos principais: a fase fálica, a ameaça de castração, a formação do superego e o começo do período de latência (sublimação dos desejos incestuosos).
No menino, o complexo se inicia com o novo objeto da catexia libidinal, o pênis, inaugurando a fase fálica. Neste momento, o menino sente prazer com seu órgão genital e a manipulação torna-se constante. Esse novo comportamento é desaprovado pelos pais, que ameaçam castrar a criança. Essa ameaça, porém, só é levada a sério quando o menino se depara com o órgão genital feminino. Ele, então, nota a ausência de pênis e sofre com a ameaça de castração.
Freud relata duas experiências prévias de castração pelas quais as crianças passam e que marcam o psiquismo, sendo revividas na possibilidade de castração do pênis. A retirada do seio materno – o desmame – e a exigência feita para soltarem os conteúdos do intestino – controle esfincteriano, são os dois processos que preparam a criança para a perda de partes valorizadas do corpo.
Além da masturbação, que oferece ao menino uma descarga de excitação sexual pertinente ao momento vivido por ela, o complexo de Édipo lhe oferece duas possibilidades de satisfação: ele pode se colocar no lugar do pai e desejar ter relações com a mãe, ou pode colocar-se no lugar da mãe e desejar ser amado pelo pai – a mãe perderia a importância nesse caso. A criança, porém, vê as duas possibilidades de satisfação se acabarem quando percebe que sua identificação com o pai levaria a possibilidade de castração e sua identificação com a mãe, a castração como uma precondição. Acontece, assim, um conflito entre o interesse narcísico e os objetos parentais. Normalmente, o narcisismo prevalece e o ego da criança dá as costas ao Complexo de Édipo, dando lugar as identificações.
O menino percebe então a autoridade do pai ou dos pais, formando aí o núcleo do superego, que apresenta-se com constantes proibições, como o incesto. Nesse momento, os desejos sexuais edípicos são sublimados, transformando-se em impulsos de afeição, uma vez que a criança se direciona para a sua vida social e escolar. Inicia-se o período de latência, caracterizado pelo processo de sublimação, preservação do órgão genital e a remoção de sua função, interrompendo o desenvolvimento sexual do menino.
Já com relação às meninas, a fase fálica começa com o interesse pelo órgão genital e a castração aparece quando a comparação é feita de seu órgão com o de um companheiro de outro sexo, levando-a a sentir-se inferior e injustiçada. Diferente do menino, ela vive com o sentimento de já ter sido castrada, pois acredita que um dia teve o pênis e este lhe foi tirado. Também acredita na possibilidade de tê-lo de volta, ramificando o complexo de masculinidade. Assim como com o menino, o superego na menina começa a ser estabelecido assim que a castração é percebida. Ela passa a ver os pais como autoridade, se submetendo às suas regras.
            No complexo de Édipo, a menina deseja assumir o lugar da mãe e ter relações com o pai, adotando uma atitude feminina com ele. A partir da aceitação da castração como um fato consumado, a menina procura uma compensação para sua ausência de pênis, passando então, a desejar ter um bebê com o pai. Seu complexo termina ao ver que seus dois desejos, possuir um pênis e ter um filho com o pai, não acontecerão. Eles se estabilizam, então, no inconsciente da menina e são sublimados para as relações sociais, por exemplo.
            Vale ressaltar que tanto o complexo de Édipo masculino quanto o feminino, precisa ser abolido pelo ego da criança. Se for feita apenas uma repressão dos desejos incestuosos, estes permanecerão inconscientes no id, podendo retornar sob formas patológicas. Segundo Freud, é esta linha tênue que definiria o estado normal ou patológico da constituição psíquica de um sujeito.



  
           
Setembro/2014 - Elaborado por Regina Cordeiro, Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus Barueri.