RESUMO TEXTO:
TERAPIA ANALÍTICA (1915-1917) – CONFERÊNCIA XXVIII – VOL. XVI
- Freud ao ser questionado
sobre o porque de não utilizar a sugestão direta na terapia psicanalítica, se
vale do termo “sugestão dirigida” para explicar que esta se dá contra a manifestação
dos sintomas, suprime-a ao dirigir o paciente, de alguma forma, a não
manifestá-lo. Este método assemelha-se essencialmente a hipnose, já que a
sugestão é o principal elemento do hipnotismo.
- De acordo com os preceitos
médicos, uma terapia deve ser rápida, confiável e não desagradável ao paciente;
o método hipnótico proposto por Bernheim (mestre de Freud em Nancy na França,
em 1889) atendia a dois dos pré-requisitos médicos da terapia ideal: a rapidez,
decerto a hipnose pode ser efetuada de forma muito mais rápida do que o
tratamento analítico, e em nada desagradava ao paciente. Entretanto, a terceira
qualidade não era atendida, a hipnose não podia ser considerada confiável por
apresentar efeitos muito diferentes de paciente para paciente (alguns
apresentavam melhoras outros não).
- Há de se considerar que o
método era utilizado exatamente da mesma forma em todos os pacientes o que
impedia a expressão dos sintomas variados, sem que seu sentido singular pudesse
ser aprendido pelo médico.
- O método hipnótico não
pode ser considerado insubstituível, ajusta-se facilmente ao conceito de
neurose para a medicina e exige pouco esforço do médico e do paciente, mas na
medida em que se comparam os casos, vê-se que tão pouco esforço não é capaz de
sustentar o peso por trás dele. Dito isso, é possível contrapor ambos os
métodos - hipnótico e psicanalítico - o primeiro visa encobrir o que está
presente na vida mental, o segundo visa expor e eliminar algo.
- A hipnose utiliza-se da
sugestão e assim proibe os sintomas, fortalecendo as repressões e deixando
intactos os processos de formação do sintoma. Já o tratamento psicanalítico
dirige-se à raíz do sintoma, aos conflitos que o originaram e utiliza a
sugestão (operando em sentido educativo) para modificar o resultado desse
conflito. Assim é possível superar resistências, o que é a função essencial do
tratamento analítico.
- Ainda o que difere o
método psicanalítico do hipnótico no tocante à sugestão diz respeito a ação da
tranferência. Enquanto na hipnose o médico depende da capacidade de
transferência do paciente, correndo o risco de que se estabeleça uma
transferência negativa ou que defesas sejam levantadas contra ela e nada se
pode ser feito sobre isso. No tratamento analítico o médico atua sobre a
transferência, desvenda o que dela pode dificultar o tratamento e ajusta este
instrumento para produzir no paciente algum impacto. O final da análise é
revelador de todas as lacunas de memória que levaram à repressão de algum
conteúdo inconsciente do paciente, através do qual o sintoma se formou. A
tranferência é trabalhada a todo momento, o que garante a diferença entre ambos
os métodos de tratamento. Ao final da análise a tranferência pôde ser
inteiramente trabalhada, causando mudanças no paciente, o que meramente
aconteceria no processo hipnótico, em que a tranferência permaneceria intocada.
O sucesso da análise vale-se, portanto, do trabalho do analista também sobre a
tranferência do paciente e não apenas no tratamento sugestivo.
- O processo de cura
psicanalítica contempla dois supostos: a de que a libido do paciente não se
dirige a um objeto real e portanto, permanece vinculada ao sintoma como forma
de expressão; e que o ego emprega grande quantidade de energia para manter a
libido represada e ligada ao sintoma, não podendo assim, utilizá-la para outros
fins. O sujeito sadio é aquele capaz de libertar o vínculo da libido com o
sintoma e reutiliza-la de outras maneiras. Durante o processo analítico, o
paciente deve remontar a situação do conflito gerador do sintoma e o analista
proporcionar diferentes resultados para a resolução do conflito. A partir das
memórias sobre a situação que gerou o conflito o paciente pode se reorganizar
em novas edições do antigo conflito, isso ocorre somente mediante a
transferência.
- Assim, o trabalho do
analista se dá em dois momentos: no primeiro, toda a libido ligada ao sintoma é
desvinculada dela e colocada na transferência; no segundo com a edição do
conflito, o paciente elabora novas formas de resolvê-lo, liberando a libido. O
sono pode ser considerado uma expressão saudável do neurótico, uma vez que é
uma possibilidade dentre as catexias libidinais do sujeito.
- Freud atenta para as
resistências que podem surgir durante o processo analítico, sejam externas, do
paciente, da família e que muito interessam para a prática analítica. Nos
tratamentos psicanalíticos a intervenção da família do paciente representa um
perigo difícil de lidar.
Maio/2012
- Elaborado por Marina Monteiro da Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP
– Campus Barueri .