Terceira lição (1910 [1909])
vol. XI - Obras Completas de Sigmund
Freud.
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Nesta lição Freud apresenta três vias de acesso ao inconsciente: Associação
livre, interpretação dos sonhos e o estudo dos lapsos e atos falhos.
Associação livre
- Há duas forças antagônicas que
atuam para, de um lado, trazer a consciência o que estava esquecido no
inconsciente; de outro lado a resistência, impedindo a passagem dos conteúdos
reprimidos ou derivados destes para o consciente.
- Quanto mais deformado o elemento
procurado, mais forte a resistência.
- O pensamento se comporta em
relação ao elemento reprimido como uma representação por meio de palavras
indiretas, ou seja, como uma alusão ao
elemento reprimido.
- O chiste seria um exemplo de alusão ao que não pode ser dito,
substituindo-o. Há razões contrárias que atuam impedindo de se falar
francamente, substituindo pelos chistes. Ver um exemplo disso na anedota do
crítico da arte, citada no texto.
- Em busca do complexo, dos
conteúdos reprimidos, pede-se que o paciente diga o que quiser (associe
livremente). Entretanto, algumas vezes se detém, alegando que nada lhe vem à
mente. Ou seja, ele está sob a influência das resistências, que disfarçadas em
juízos críticos, retém ou afasta novamente tais conteúdos. Neste momento, a
interpretação do analista pode ajudar a extrair o material precioso.
Interpretação dos sonhos
- “A interpretação de sonhos é na
realidade a estrada real para o conhecimento do inconsciente, a base mais
segura da psicanálise.” (FREUD, p. 46)
- Nem todos os sonhos são estranhos,
incompreensíveis e confusos para a pessoa que sonhou. Basta uma análise
minuciosa (a partir da associação livre) para se resolver o enigma do sonho.
- Os sonhos possuem:
Conteúdo manifesto: recordado vagamente de manhã, é o substituto
deformado para os pensamentos inconscientes do sonho.
Conteúdo latente: pensamentos inconscientes.
- Eles são deformados pela obra de
forças defensivas do ego. Isto é, as resistências na vigília impedem a passagem
dos desejos reprimidos do inconsciente para a consciência. E durante o sono,
mesmo enfraquecidas, estas resistências ainda são fortes para tolerar tais
conteúdos apenas disfarçados.
- O processo que disfarça os
pensamentos inconscientes do sonho (conteúdo latente) em imagens lembradas
(conteúdo manifesto) é denominado de elaboração
onírica.
- Entre tais processos psíquicos da
elaboração onírica, destacam-se a Condensação
e o Deslocamento.
- Pesadelo também segue a mesma
orientação de entendimento sobre sonhos – realização velada de desejos
reprimidos. A ansiedade, presente no sonho e durante a associação livre deste,
é uma das reações do ego contra os desejos reprimidos violentos satisfeitos oniricamente.
- O estudo dos sonhos, realizado no
decorrer do tratamento psicanalítico dos neuróticos, proporcionou o
conhecimento de desejos ocultos e reprimidos do paciente.
Atos falhos
- São pequenas falhas comuns no
dia-a-dia, como lapsos de linguagem, distrações, desatenções e esquecimentos.
- São significativas para o trabalho
analítico e quase sempre de fácil interpretação, tendo em vista a situação em
que ocorrem. Seu exame pode levar ao descobrimento da parte oculta da mente.
- Exprimem impulsos e intenções que
devem ficar ocultos à própria consciência, ou emanam dos desejos reprimidos que
são criadores dos sintomas e dos sonhos.
- Testemunham a existência da
repressão.
-
Freud aponta ao final do texto que, para um psicanalista não existe nada
insignificante, arbitrário ou casual nas manifestações psíquicas. Ele é
disposto a aceitar causas múltiplas para o mesmo efeito.
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Por fim sugere que “o estudo das idéias livremente associadas pelos pacientes,
seus sonhos, falhas e ações sintomáticas; se ainda juntarem a tudo isso o exame
de outros fenômenos surgidos no decurso do tratamento psicanalítico (...)
transferência – chegarão comigo à conclusão de que nossa técnica já é
suficientemente capaz de realizar aquilo que se propôs: conduzir à consciência
o material psíquico patogênico, dando fim desse modo aos padecimentos
ocasionados pela produção dos sintomas de substituição.” (FREUD, p. 51)
Abril/2012 - Elaborado por Karina de Queiroz Bueno, Equipe
de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus Barueri .